BAHIA: MAMONA VERMELHA PODE SER TÓXICA
Pesquisador da UESB adverte que planta não deve ser usada para fins medicinais.
Salvador/BA
Quem passa pela estrada que liga Brumado, município a 654 km de Salvador, a Caetité, avista uma exótica plantação de mamona. Ao contrário da planta tradicional, que gera frutos verde-escuros, a que fica às margens da BR-030, em pleno semi-árido baiano, ostenta cachos vermelhos e caules também avermelhados, mas com tonalidade mais escura.
O professor Anselmo Viana, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), no entanto, adverte para o alto teor tóxico desse tipo de mamona. Segundo ele, as pessoas devem evitar a utilização para fins medicinais porque qualquer dosagem pode ser fatal, tanto em crianças quanto em adultos.
São três árvores de médio porte, visíveis a uma distância de quase um quilômetro. Duas mamoneiras foram plantadas dentro de um pequeno sítio e a terceira, à beira da estrada, como se saudasse e convidasse os curiosos a uma visita mais próxima.
O dono da propriedade, Clemente Gonçalves Nascimento, 66 anos, deixa a enxada de lado e recebe a equipe de A TARDE na porteira. O local fica na localidade de Campo Seco, a 40 km de Brumado. Com o jeito peculiar do sertanejo, calmo e receptivo, conta, em detalhes, como adquiriu as sementes daquelas árvores diferentes, plantadas há dois anos.
“Uma mulher chamada Ana, de Águas de Lindóia (SP), trouxe três sementes e eu plantei, mas não sabia que ia sair assim com essa cor diferente”. Ano passado, brotaram cerca de 50 cachos. “Hoje, tem uma base de dez quilos de mamona.”
Poderia ter mais, atesta o lavrador. “Todo dia, dois, três carros estacionam aqui na beira e o povo arranca cachos pra levar pra cidade deles. Eu não faço questão. Deixo levar o tanto que eles quiserem”, ri.
Ele próprio confessa que nunca havia contemplado uma espécie de mamona como a vermelha. “Nunca vi, para falar a verdade”, sintetiza Nascimento. Os vizinhos, turistas de passagem pela cidade e curiosos também garantem ser novidade aquela planta.
“É a primeira vez que eu vejo uma mamoneira com essa cor”, garante o motorista Edmilson Sousa. Assim como ele, muitos ficam admirados e até arriscam produzir remédios com as folhas e os frutos secos. “A folha é bom pra dor de dente, dor de cabeça, de tudo”, diagnostica Nascimento.
Algumas famílias, principalmente na zona rural, também costumam ornamentar vasos de flores mesclando frutos vermelhos da mamona e até crianças fazem dos caroços “munição” de estilingue.
A sabedoria popular pode estar equivocada, a brincadeira de criança pode custar caro e a beleza da planta pode esconder perigos para quem manuseia e forma inadequada os frutos. O conhecimento empírico também não responde pela suposta eficácia medicinal.
Uso é fiscalizado nos EUA
Estudioso da área vegetal, o professor Anselmo Viana, do Departamento de Fitotecnia e Zootecnia (DFZ) da Uesb, recebeu amostras da folha e dos frutos e garante que a planta tem alto teor tóxico.
“No metrô de Paris já foi encontrado um pacote com veneno extraído da mamona e o Congresso dos Estados Unidos já recebeu uma carta com o pó contendo esse veneno da mamona”, lista Viana. “Tanto que nos Estados Unidos e no Canadá a plantação de mamona é fiscalizada pelo governo”.
Viana diz que esse tipo de mamona e comum na região, porém não com essa tonalidade. “A mamona é uma planta que chamamos de plantação cruzada, ou seja, uma cor acaba cruzando com outra cor e sai uma terceira com coloração diferente e por aí vai”.
A literatura especializada pouco trata dessa planta, conhecida como Ricinus communis ou Ricinus sanguneus. Numa das raras informações publicadas, a descrição da mamona vermelha apresenta o caule com folhas palmadas, avermelhadas; termina numa panícula de flores unissexuadas, pistiladas no cimo, estaminadas na base da panícula.
O fruto é uma cápsula espinhosa que contém sementes grandes de várias cores, fazendo lembrar um pouco feijão. (A Tarde)
Juscelino Souza
Fonte: Seagri/BA
FONTE:
http://www.paginarural.com.br/
.
.
NAMASTÊ!
CEIÇA DA HUMANIDADE & ANJOS
Taróloga e Terapeuta Holística